Matheus Brasilino
Sobre o Protestantismo
Atualizado: 4 de dez. de 2021
Posso admitir que não disserto tanto contra o protestantismo.
Mesmo defendendo a doutrina católica, não costumo me dedicar tanto a apologética contra as seitas evangélicas que tem ganhado a cada dia mais espaço no Brasil. Tal comportamento pode parecer contraditório à primeira vista, mas isso se justifica por conta de prudência com relação a conflitos. Em minha perspectiva, é muito mais prioritário restaurar a verdadeira fé e tradição católica dentro das nossas igrejas, antes de atacar as doutrinas rivais em tentativa de converter as almas.
De nada adianta um protestante se converter, para ficar dançando e batendo palma dentro de nossas próprias igrejas. (pode ser até pior)
No entanto, isso não faz do protestantismo menos ameaçador e destrutivo a humanidade. Mesmo que hoje a civilização tenha decaído tanto a ponto de não percebermos mais isso, é de extrema importância nunca nos perdermos de nossas diretrizes, para que assim, não percamos as trilhas que Cristo nos concedeu através de sua vida, morte e ressureição.
Logo, uma crítica base se mostra necessária.
Almejo com esta retirar as dúvidas daqueles que estão ao meu lado e em um cenário mais otimista, esclarecer para os que estão do lado errado de suas faltas e as consequências dela.
Uma vez expostas as intenções, seguimos ao argumento.
Criticar o protestantismo se mostra como uma tarefa desafiadora por conta da falta de unidade dos próprios protestantes. Se atacarmos o comportamento de um culto, eles vão alegar “eles não têm nada a ver comigo” ou se tiver, eles vão se separar, formando dois ou três grupos rivais. É como lutar contra uma “Hidra”, criatura mitológica cujo qual tem várias cabeças em um mesmo corpo e quando se corta uma delas, nascem duas, deixando-a mais repulsiva ainda.
Considerando ainda que Cristo dizia “quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, dispersa”, (Lucas 11, 26) só essa característica de dispersão já seria o suficiente para demonstrar que seus protestos não estão com Deus, e que pior ainda, os impede de reunir com o criador através de sua verdadeira igreja. Porém, precisamos de algo menos óbvio.
O argumento será construído atacando uma base doutrinal que todos os opositores tem em comum, sejam eles calvinistas, luteranos ou mesmo alemães, britânicos, americanos ou brasileiros. Existe algo em essência que os tornam protestantes, que os faz tão descontentes com a santa igreja, a ponto de cisma e revolta. Avaliando isso, não tem como simplesmente se refugiar pelo subjetivismo da fé particular de cada um, pois negando-lhe tais aspectos, já não o seriam mais protestantes, mas qualquer outra coisa, seja ela herética, ou não.
Essa base doutrinal consiste em separar a fé da razão, tradição e das obras.
Sobre a retórica de que o pecado original corrompeu tanto o homem a nível de que ele não seja mais capaz de entender a verdade, rejeitam a filosofia e a capacidade de reflexão ou mérito, tendo como único referencial a bíblia e a devoção em Deus. Sem ser capaz de alcançar a verdade, o protestante também rejeita a influência cultural da boa arte e condena a veneração dos bons ancestrais, chamando de idolatria. Por fim, sem um referencial de verdade racional e sem uma cultura consistente, condenam ainda as obras, dizendo que ser bom e tomar boas ações, não levarão o homem aos céus, tirando o sentido maior por trás de todo altruísmo.
O protestante é o primeiro relativista, dizendo que só a fé é absoluta e todo o resto, convencional. Se hoje temos progressistas relativizando os gêneros, as raças e as leis naturais, estão simplesmente seguindo os passos de seus ancestrais protestantes, que começaram relativizando os sacramentos, a autoridade eclesiástica e a santidade. Foram eles que começaram os piores aspectos da modernidade e são os responsáveis por boa parte das tragédias contemporâneas, mesmo que de maneira indireta.
E onde estaria o erro? Se já não é óbvio a distância, podemos expor como a subestimação do homem, a ponto de dar ao pecado original, mais danos que o mesmo realmente obteve. O homem ainda é capaz de contemplar a verdade, pois do contrário, não haveria como desenvolver nenhum pensamento racional e civilizado, nos rebaixando ao nível dos animais. Uma coisa é dizer que contemplaremos a verdade maior em plenitude quando transcendermos, o que é factual, mas outra é dizer que só saberemos a verdade após a morte. Isso é fechar os olhos ou tapar os ouvidos, para ignorar propositalmente os dons divinos recebidos.
O pior de tudo, é que as consequências são imediatas.
Separando a fé da razão, o cristianismo que antes era uma doutrina libertadora e razoável, torna-se obscurantista e irracional. Livros são jogados ao fogo, fundamentos científicos são descartados, intelectuais são censurados e o comodismo em pensamento se instala. Ser ignorante torna-se uma benção, pois o homem comum em sua mediocridade, vai ter mais facilidade em contemplar a Deus sem questionar, enquanto os intelectuais, se quiserem exercer sua vocação, deverão sair da igreja ou tentar “não misturar as coisas”. Quando faz isso, cria o extremo oposto, que é ainda pior, sobre o nome de racionalismo. Ou seja, a tentativa de se alcançar a razão sem Deus.
Lembram da separação entre fé e ciência? Foi o protestante que a fez, sendo que em fato, ela nunca existiu. Não tem como amar a Deus, sem amar a verdade. A fé anda em conjunto com os fatos e as leis naturais não se opõe as leis transcendentais, mas se harmonizam entre si. Ter fé sem razão é ser delirante, se expor a todo tipo de influência espiritual, sem sequer ter consciência do que vem de Deus ou não. Faz isso enquanto ainda rejeita a doutrina e métodos que o mesmo nos concedeu para ter facilidade em encontra-lo sobre as criações. Ter razão sem fé é ser utilitarista, descobrindo cada vez mais sobre a humanidade e a natureza sendo desumano e antinatural, pois a ciência, quando não limitada pela moralidade cristã, torna dos homens cobaias e das massas, meros números à mercê de fenômenos e interesses.
Separando a fé da tradição, corrompemos a nossa cultura, que deixa de louvar a Cristo, para louvar o mundo. Quando Jesus andava sobre a terra e precisava transmitir suas palavras aos homens, ele usava de parábolas, dando-nos exemplo de como proceder na disseminação dos bons valores. O homem intelectual, sendo incapaz de falar com o homem pobre, pela diferença de dialeto, precisa usar do artista para transmitir-lhe a verdade através das obras culturais. Musicas, livros, peças teatrais, esculturas e arquiteturas nada mais são do que manifestações de valores em um modo mais “tragável” e “entendível” a todos. Para que os que não são capazes de entender a palavra, encontrem com Deus na beleza de cada ato, entendendo sua perfeição pelas lágrimas do martírio de um personagem ou de uma música com boa mensagem.
A cultura, quando bela, dissemina virtudes, (a palavra cultura vem do latim e significa literalmente “cultivo”) gerando uma sociedade cada vez mais fraterna e unida. Essa cultura, quando atravessa gerações, vira uma “tradição”, deixando que os bons valores se disseminem através do tempo, permitindo assim, que os netos e bisnetos já tenham uma estrutura não só física, mas cultural consistente, para que eles possam ir ainda mais longe do que as gerações passadas foram.
Porém, para que tudo isso aconteça, devamos ser leais a Deus e cultivar os valores universais e atemporais. Devemos venerar os santos, preservar a boa literatura e adquirir os sacramentos. A fé deve guiar a tradição e não se separar dela. A igreja deve ser presente e ativa, sendo o pilar principal da construção do pensamento social, para que assim, cada vez mais almas transcendam e nossa sociedade, se torne a cada dia mais próspera em todos os seus aspectos.
O protestante separa e não coloca nada no lugar. Então no natal as pessoas esquecem de Cristo e idolatram o “Papai Noel”, colocando pinheiros em países tropicais. Na páscoa, temos o coelho pagão e seus ovos de chocolate. Durante a quaresma, ao invés de penitência, fazemos o carnaval africano, onde batemos tambor e nos perdemos em pecado. No dia de todos os santos, se faz o satânico “Halloween”.
Mataram a nossa tradição. Romperam os laços que nossa sociedade tinha com Cristo. Há protestantes desejando derrubar o Cristo Redentor até hoje, mas com a Estátua da Liberdade, ninguém mexe. Eles não sabem que a humanidade não consegue viver sem tradição e se essa tradição não vier de Cristo, será demoníaca. E não sabem porque justamente antes rejeitaram a razão e não tem mais a capacidade intelectual para entender isso.
Separando a fé das obras, o cristão que antes combatia o mal, se torna um pacifista covarde. Todo homem nasce com uma vocação e com respectivo potencial em realiza-la. Quando o faz, ele tem a opção de dedicar suas obras a Deus, fazendo-as em prol do bem comum, visando a eternidade, ou ele pode fazê-las para si mesmo, de modo mesquinho e egocêntrico, para satisfazer apenas seus próprios caprichos e prazeres.
Quando uma doutrina fala que suas ações não importam e que ninguém será salvo pelas obras, toda moralidade deixa de ser relevante e a lealdade que se tem com Deus se torna apenas um enfeite. É impossível amar a Deus e não atender o seu chamado para agir. A avidez que o espírito santo causa sobre a consciência é única e inconfundível com qualquer sensação que este mundo possa nos trazer. Uma vez tomados pelo mesmo, cumprir nosso dever nos torna alegres e trabalhar deixa de ser um fardo, pois passamos a ter a caridade como um fim e a salvação das almas como meta. Quem não sente isso, ainda não chegou nem perto de amar a Deus, independente do quanto se reze ou frequente os templos.
A fé da mesma forma, deve guiar as obras, afinal a fé sem obras está morta (Tiago 2:26) e as obras sem fé é um trabalho as cegas e obviamente, um cego não pode guiar outro. (Lucas 6:39)
As nações católicas chegaram em máximo esplendor pela razão, tradição e obras, todas guiadas pela fé, enquanto as protestantes corromperam a si mesmas e ao mundo, justamente por negar a ligação de umas com as outras. Dos impérios protestantes, temos dois exemplos: os britânicos e os alemães. Os nobres britânicos, ao se corromperem, tornaram-se tirânicos e foram subjugados pelas forças de mercado, que criaram seu primeiro “estado laico”, rejeitando a autoridade monárquica para servirem as ordens maçônicas. Os nobres alemães, talentosos como eram, resistiram até o fim, mas viram sua nação degradar pouco a pouco, pois as obras não dedicadas a Deus os envaideceram, as tradições sem Deus destruíram suas raízes monárquicas e a razão sem Deus criou as teorias raciais nazistas. Hoje Berlim é a capital de todo progressismo e mística satânica em todo o globo.
Marx, Kant, Nietzsche e até mesmo Hitler poderiam ter sido bons católicos, ou se não fossem, teriam sido jogados na fogueira da inquisição antes que suas ideias se espalhassem ao mundo, mas a fraqueza protestante os serviu como um ninho para doutrinas perversas e a ausência de todos os aspectos que o protestantismo negou, fizeram falta essencial em suas vidas.
São Tomás de Aquino dizia que são necessárias três coisas ao homem: saber no que deve crer, saber o que deve conhecer e saber o que deve fazer. Sem tradição, razão e obras, tudo lhe é negado. Da mesma forma, também nos é negado a noção sobre o tempo, a tradição nos liga ao passado, a razão nos faz entender o presente e as obras nos conectam ao futuro e o protestantismo arranca de nós esses dons, nos desconectando de nossa própria jornada, em um país que já nos nega todo o resto.
Por fim, ainda podemos dizer que Cristo clama sua autoridade nesses três aspectos. Quando ele diz “eu sou o caminho, a verdade e a vida”, (João 14:6) quer dizer que ele é o caminho cujo qual nossa tradição deve se alinhar, a verdade cujo qual nossa razão deve conhecer e a vida cujo qual nossas obras devem se dedicar. Mediante a isso, quem seria Lutero ou Calvino para nos desviar dessa trilha?
E por falar em Lutero, pode-se dizer que em vida ele já se arrependeu de seus atos. Em seu ultimo livro “Sobre os Judeus e Suas Mentiras”, verifica-se uma breve descrição desiludida de um pastor que perdeu seu rebanho, alertando raivosamente sobre uma ameaça judaica que consumia sua sociedade, pois aqueles que foram exiliados pela inquisição católica, migraram para seu território para corromper os homens sem tradição, razão e obras.
Para sua infelicidade, ninguém lhe ouviu e o livro hoje é até mesmo repudiado pelos próprios protestantes.
Mediante a tudo isso, creio já ficar claro sobre os problemas do protestantismo e porque tal credo deve ser combatido a todo custo. No entanto, não há combate, sem que a verdadeira igreja católica volte ao seu esplendor. Estamos em um tempo de reconstruir os pilares de nossa cultura, para que em busca da santidade, nos destaquemos como um grande farol sobre a noite escura, para guiar as embarcações perdidas. Logo, todo conflito que nos afaste disso é fútil.
Em um tempo que nossas autoridades são laicas e tudo é tolerável, somente o testemunho da verdadeira fé pelas obras, pode retornar as pessoas aos seus sensos. Se o protestante não acredita em santidade, ao invés de tentar convencê-lo, torne-se um santo, fazendo suas ações falarem por ti.
Pois assim e somente assim, poderemos salvar nossos irmãos que estão no erro, reconstruir nossa igreja, nossa pátria e alcançar os céus, como estipulado pelas escrituras.