Matheus Brasilino
Sobre Moises
Atualizado: 21 de nov. de 2021
E aqui vamos nós, quaresma e quarentena.
Os que não se mortificam pela fé, se mortificam pelo medo da morte, que coisa linda de se ver.
Para este pobre autor não seria diferente, com escolas e empresas fechadas, templos e grupos cancelando compromissos, todos se isolando em suas casas, reduzindo o cotidiano a meras atividades de cultura e lazer. Do meu lado, sem trabalho, cursos e nem compromissos sociais restantes, sobra deitar-se sobre a literatura e escrita. De certa forma, isso motivou-me a realizar uma releitura ao livro do Êxodo, segundo grupo do velho testamento bíblico, que narra a jornada hebraica em busca de independência e reconstrução de seu país enquanto realizam a viagem até a terra prometida. Tal ato me trouxe interpretações não detectadas em minha primeira leitura, mostrando-me que alguns anos de vida me fizeram algum bem intelectual, decidi então compartilha-los com seja lá quem frequente este site.
A história se inicia com o povo hebreu, depois de se tornarem os “escolhidos” por serem os primeiros a realizarem o novo contato com Deus e graças a isso, adquirirem uma percepção melhor sobre sua essência.
Esse privilégio os concedeu uma moralidade maior, que transformada em hábitos, viraram virtudes e estas, sobre conjunto, foram convertidas em prosperidade. Vivendo sobre proteção do faraó durante a sua estadia no império egípcio, aumentavam sua influência exponencialmente, multiplicando sua propriedade e fazendo-se relevante em solo estrangeiro. Não demorou muito para que a elite local, ao perceber essa nova força emergindo, tentar contê-los através da escravidão, mas mesmo assim, isso não os impediu e nem obstruiu a sua grandeza, pois enquanto leais aos desígnios do criador, eles não parariam de crescer.
Optaram então pelo genocídio.
Os recém-nascidos do sexo masculino deveriam morrer. Contendo assim o crescimento econômico e populacional de seus reféns. De primeira vista, me faz lembrar consideravelmente do jugo em que as potencias tentam inserir ao povo brasileiro, pois, se os membros da elite global não nos atacam diretamente como os egípcios o faziam, eles optam por financiar partidos pró-aborto, para convencer as mulheres, em hediondas mentiras, a matarem seus próprios filhos e assim, conter o que poderia ser o nosso renascimento como pátria, em métodos totalmente corrompidos.
Um garoto, no entanto, sobreviveu e foi adotado por uma mulher egípcia. Seu nome era Moises, cujo tradução seria “retirado das águas” e encontrou sua salvação no berçário dos seus inimigos. É de se imaginar que quando o mesmo cresceu, tornou-se o maior defensor da causa hebraica, e assassinou um egípcio que torturava um dos seus. Atuando como um criminal fugitivo, foi considerado um símbolo de resistência aos desígnios do faraó e sonhava com a independência hebraica. Moises foi o primeiro nacionalista da história.
Nota-se que por linhagem, pertencia a tribo de Levi, na qual desde o livro do Gênesis, se destacava pelo seu teor militarista. Por sangue e por fé, deveria se opor aos tiranos, mudar o cenário na qual foi exposto e devido aos fatos, o criador apareceria diante de ti, em uma manifestação de fervor e fúria.
Diferente das aparições anteriores, o criador se manifestou a ele através de uma árvore em chamas, que mesmo sobre a ardente brasa, não se consumia pelo calor. A árvore era como o povo de Deus, sempre em constante ataque, em martírio, mas não se deixando consumir, pois suas raízes não pertencem a esse mundo. E nesse dia ele o consagra como instrumento da sua vontade, para agir em guerra, visando a paz, e através da luta, proteger o amor. Ele não se considerava digno da tarefa, mas o criador exigiu que ele se juntasse a Aarão, pois este além de ter influência com os anciões israelitas, possuía melhor retórica.
Uma vez reunidos, uma oposição foi criada e a manifestação dele ao faraó é descrita de maneira mística. Creio que tais encontros retratam uma constante guerra de influência entre ambos os líderes, pois o governante egípcio invocava uma serpente e Moisés criava outra, que prevalecia sobre a primeira, retratando um possível embate diplomático ou de inteligência.
Conforme a vontade do povo hebraico não se realizava, o criador lançou sobre seus opositores as dez pragas. Parte natural, parte mística, estas abateram o império, deixando-os a beira do colapso, forçando-os a conceder liberdade a suas vítimas.
Estas pragas são consequência da degradação política de um país corrupto.
Quando as águas do Nilo tornaram-se sangue, pode-se interpretar que uma nação com instituições fracas, tende a entrar em conflitos e guerras civis constantes e isso esgota os recursos e bens humanos básicos. Quando as rãs cobrem a terra, podem-se mostrar a incapacidade do homem de controlar a natureza, quando este é incapaz de controlar a si mesmo. Os piolhos e moscas arrancando o sangue da população, traduz-se pela quantidade de parasitas políticos que um sistema corrupto produz, tornando anêmicos aqueles que deveriam ser bem alimentados. As doenças tomaram conta, paralisando a sociedade. Com a sociedade paralisada, as plantas e animais morrem, pois, as principais atividades econômicas param e a fome se torna fato. A chuva de pedras, refletindo o concreto da artilharia pré-medieval, poderiam ser muito bem ataques de nações estrangeiras, aproveitando-se da brecha que tiveram para destruir a hegemonia do faraó e por último, e mais doloroso, finaliza com a morte dos primogênitos, pois, em tempos de caos, os mais virtuosos tem que se sacrificar para salvar os mais fracos, os mais velhos padecem para salvar os mais novos e ver pessoas boas morrendo foi o que destruiu o orgulho do faraó.
Nesta parte, concluo que muitos países como o Egito existiram e existem até hoje e tendem a entrar em colapso pela sua falta de valores. A China é a mais nova vítimas de tais eventos e todos que estão atrelados a ela sofrem da mesma forma.
Como o povo escolhido escapou dessa? Ele simplesmente se isolou e cortou todos os laços desnecessários com seus mestres escravistas, diferente de nós que pelo contrário, nos misturamos e tentamos nos “globalizar” mais a cada dia. O brasileiro não tem o menor direito de reclamar de doenças enquanto tem a China como seu principal parceiro comercial. Se sua nação está entre uma zona de influência pecaminosa, não pode reclamar das consequentes pragas que virão a abate-los. A Rússia por exemplo, com sua política isolacionista, vai ter muito menos problemas em conter qualquer tipo de variável que a pandemia pode causar, e eles estão em um país frio, cujo ambiente favoreceria a propagação, mas o nacionalismo os salvou, as fronteiras fechadas e o isolamento os fez muito bem. Ponto para os ortodoxos cismáticos.
Mas o livro ainda não para por aí.
Antes mesmo do mercado internacional existir, o livro sagrado já mostra que se isolar não é fácil. Antes mesmo que qualquer liberal ou marxista use a escassez como desculpinha para tornar sua nação um fantoche, Moisés já fazia a expedição em quarenta anos no deserto. O que a bíblia nos diz sobre isso é que justamente ser nacionalista significa martírio, mas isso é bom, pois a grandeza de ser uma nação pobre e justa supera qualquer provação e o criador providencia o que cada povo precisa ao seu tempo.
A democracia, sempre injusta, mostra-se como teste ali também. O povo, ao ver que estavam perdidos no deserto, com pouca comida e água, amaldiçoou Moisés, pois preferiam ser mantidos como escravos, mas com fartura e isso mostra porque o poder nunca deve ser dado as massas. Para que a vontade de Deus se manifeste, é necessário que o poder se concentre em poucos, para que estes resistam as provações mentais e espirituais que os pobres não conseguem. Pois quando isso acontece, o mundo dobra-se perante a sua vontade e os justos sempre irão prevalecer, nem que para isso seja-se necessário abrir o mar vermelho novamente.
Quando Moisés foi encontrar-se com Deus e se isolar ao monte, deixou Aarão como responsável. Aarão me lembra muitos que conheço, pois era um bom homem, porém popular e pessoas populares sempre dependem muito da opinião pública. Uma vez pressionado, tende a ceder as piores ideias. “Moisés não voltou, nos faça um novo Deus” pedia o povo, representando a tentação de se alterar as leis ou o conceito do que é certo e errado para atender aos interesses materiais. Ele pegou as posses de todos e as juntou ao fogo, fazendo um bezerro de ouro e a idolatria começou a tomar conta.
Isso é sem dúvida, o reflexo da nossa realidade.
A partir do momento em que a lei passa a ser remodelada pelo homem, ele a distorce de maneira que beneficie o mais forte. Quem tinha mais posses entre os hebreus eram os pastores ou aqueles que empreendiam a pecuária, logo, convém aos mesmos impor ao povo um bezerro como Deus. Moisés desceu do monte, quebrou a estátua e condenou à morte os hereges, mostrando que desde 2000 A.C., estado laico não presta.
Aarão foi perdoado.
O criador o entregou do monte a base de moralidade universal, fazendo-os compreender ainda mais a lei natural, que não pode ser moldada ou substituída. O que Deus define como certo ou errado sempre o será, independente da época, lugar ou de quem tenha mais capital e influência. Apenas com essas bases poderemos alcançar a virtude da justiça. E além disso, ele ordenou a Moises que quando chegassem a terra prometida, não se misturassem com nenhum povo, pois todos eles têm a sua idolatria particular e a influência que estes poderiam exercer seria totalmente negativa.
Muitas guerras deveriam acontecer, pois todos invejariam seus recursos e desenvolvimento, mas enquanto obedecessem, seriam vitoriosos. Os hebreus fariam campanhas para se defender e invadir seus inimigos, pois a cada batalha vencida, iriam ensinar a verdade aos seus oponentes e assim garantir a salvação de suas almas. Um imperialismo fervoroso aconteceria ali, onde eles de combate a combate, construiriam a pátria propensa para a vinda de Cristo.
Moisés morre antes de entrar na terra prometida, mas a vê, sentindo-se aliviado de seu fardo. Deixa Josué, seu general, como sucessor. Seu senso combativo e sua virilidade como governante gravaram seu nome na história e devemos usá-lo de exemplo para traçar novos rumos a nossa sociedade.