Matheus Brasilino
Poética - A Prisão Invisível
Atualizado: 13 de set. de 2020
Em meio a metrópole,
Todos os sonhos podem se realizar.
A euforia toma conta,
Com a liberdade a despertar.
Sem nenhuma responsabilidade,
Nos mergulhamos ao prazer sensível
Lutamos por causas fúteis,
E tornamos tudo possível.
Sobre dores e prazeres, degradamos o nosso nível.
E perdemos as nossas almas, sobre essa prisão invisível.
Se você quer tirar vantagem nesse grande jogo,
Não pode temer sacrificar-se ao fogo.
Não pode se contentar apenas com o pouco.
Deve se aproveitar e se esbanjar como louco.
Você é livre agora, dizia nas telas o democrata,
O erotismo e hedonismo estão liberados pela prata,
Não se importe com o próximo, porque isso seria autoritário.
E a culpa seria só sua, pois deveria só amar seu próprio salário.
Se você se sentir vazio e não souber explicar.
Confie no deus mercado, ele vai lhe consolar.
Através de pílulas, sexo e entretenimento a ofertar.
Tudo a escolher e ninguém a julgar.
Bem-vindo a liberdade,
Onde revertemos a racionalidade,
Degeneração e muitos morrendo com pouca idade,
Vai se assustar quando eu disser que só restou a vaidade?
Não há mais limites, abraçamos a insanidade.
Não há mais trabalho, só festas e festas.
Só fotos e mascaras, bebidas e bestas.
O instinto prevalece e relativiza a moral.
O ambiente fica sufocante, pela presença do puro mal.
“Terei um filho agora, doutor! Como recupero minha responsabilidade?”
“Mate seu feto, antes que se torne uma possibilidade!”
Mas a criança sacrificada, exige um julgamento pela sua alma.
Então cairão todos mortos, abatidos pelo intenso trauma.
Prostitutas, homossexuais, traficantes e outros depravados.
Metralhados como porcos, sendo pela dor purificados.
Acham que podem parar? Agora já é tarde.
A fogueira vai queimá-los no mais intenso alarde.
E os que mataram se canibalizam, de modo ainda mais covarde.
Liberdade, glórias a liberdade!
O deus mercado nos oferece tudo que é possível.
Liberdade, glórias a liberdade!
Nossos vícios nos escravizam, nessa prisão invisível.
A guerra civil começou pela droga.
Um entorpecente qualquer, onde o fraco se afoga.
“Olá, meu caro jovem, gostaria de intensificar?”
“Não tenho prazer o suficiente, quero experimentar.”
Usa, usa e usa, e a miséria se espalha.
Como vão sobreviver, se são todos canalhas?
Na ausência de bens e moralidade para se manter.
Passam a atacar o próximo, que também não sabe se defender.
E de vítimas passam para vilões, sobre as mais sádicas vozes.
Os que eram festeiros, viram brutais algozes.
Recorrem ao governo, pedindo por autoridade.
Mas o mesmo não faz nada, porque também louva a liberdade.
“O deus mercado não pode e nem será contido.
Vamos vender armas, e assistir essa luta de modo assistido”.
Tiros e tiros, matam e morrem, aumentando a venda dos caixões.
Liberam a venda de órgãos, cortam e passam a vender pulmões.
“O deus mercado resolve tudo, não há nada a temer.
E agora que eles não têm famílias, nem tem mais nada a perder”
O que era um paraíso hedonista, virou rápido um inferno individualista.
Porque não tinham valores em vista e nem algo maior para conquista.
E para as elites, os lucros aumentam, sem se importar, eles então se ausentam.
Os livros, escolas e mídia argumentam, que de autoritarismo não se sustentam.
Que de liberdade se orientam, e qualquer coisa fora disso é populismo e ainda tentam,
Fingir que não são escravos, enquanto continuam sendo pagos,
Pelos donos do mundo.
Liberdade, glórias a liberdade!
O deus mercado nos oferece tudo que é possível.
Liberdade, glórias a liberdade!
Nossos vícios nos escravizam, nessa prisão invisível.
Corpos se ferem e almas se perdem.
Tudo porque não enxergam a essência do que os impedem.
A liberdade é a maior das prisões, porque separa os homens de seus corações.
E no lugar, só coloca o prazer.
A fé prevalecer sobre a matéria seria em prática, a solução.
Os valores prevalecerem sobre desejos, em termos, a redenção.
Resistir aos democratas e formar uma hierarquia.
E expurgar a influência do mercado, para conter a anarquia.
Restabelecendo a razão e formando convicções.
Calando os covardes e banindo opiniões.
“Vamos abrir o comércio e deixar os estrangeiros entrarem?
É de fora que o mal vem, vamos os impedir de triunfarem!”
Como acha que vão reagir quando prosperarmos?
Quando dissermos que nossa tendência é no fim de tudo, o superarmos?
Já sei como a história termina, já podemos adiantá-los.
“Vocês não querem liberdade? Temos que matá-los!”
Façamos então armas, para reagir.
Militarizamos tudo, visando resistir.
É tempo de martírio, tempo de assistir.
Aqueles que se recusam a viver na miséria, lutar até cair.
“Esses homens, são todos escravos.
Recusam a liberdade, porque querem defender seus valores, como bravos.
Mate-os sem questionar, em nome do mercado.
Para restabelecermos a nossa influência no estado.”
Liberdade, glórias a liberdade!
O deus mercado nos oferece tudo que é possível.
Liberdade, glórias a liberdade!
Nossos vícios nos escravizam, nessa prisão invisível.